Muitas histórias são contadas a respeito do Gaspi ou São Gaspaião. Em Jaguaripe, é uma tradição cultural que acontece geralmente no fim de janeiro/início de fevereiro, época da Romaria de Cacha-Pregos e que antecede ao Carnaval do município.
O relato do Sr. Heraldo Freire nos revela como esta história começou e se tornou um dos símbolos culturais desta terra maravilhosa.
A VERDADEIRA HISTORIA DE SÃO GASPAIÃO: – “GASPI”
“Convivi com uma descendente de escrava, Maria d´Hora, morei com ela, nascida em maio de 1889 e falecendo em março de 1985, ela contava muitas historias e uma delas foi a criação do “gaspi”. Diz Dada como era conhecida, que a festa de Janeiro já existia quando ela era criança e na mocidade, iam com suas amigas para Cacha-Pregos, todas com roupas típicas da época ate os joelhos com uma bermuda longa por baixo, cobrindo os joelhos para tomar banho, sem a presença dos homens… Jaguaripe, possuía media de 50 embarcações, e a maioria das famílias no mínimo , possuía 01 saveiro e tinha um que era o orgulho dos saveiristas chamado “ som do samba” este criado por Mizael meu avô pai de minha Rosa e Manezinho Teixeira, ficando com a nossa família ate a morte do avô, este possuía mais de 05 saveiros, (som do samba, 19 de dezembro, Santa Luzia etc…) Nas romarias, o rio Jaguaripe brilhava com o grande número de embarcações e muitas musicas típicas da região, samba de rosa etc. e no meado de 1930 ou 40, não recordava a data diz Dadá, numa terça feira após a ROMARIA 02 dia após as festas religiosas, os jovens e adolescentes iam brincar de miniaturas de saveiros, feito de cortiça na beira do rio jaguaripe e
em uma desta brincadeiras, Sr. Linôr, Tio Deco e Cupertino (irmão de Juju), começaram a brincar, colocando o saveiro na cabeça,e o maior da embarcação em homenagem ao saveiro “som do samba” colocaram um boneco como se fosse o saveirista chamado GASPAR, que cuidava deste saveiro, alto, de cor muito negra e começaram a cantar e pular fazendo a festa com esta cantiga: EU VOU PARA O OUTRO PORTO, VOU BUCAR O GASPAIAO, É UMA ROMARIA E VERDADEIRA TRADIÇÃO, CHEGOU, CHEGOU, CHEGOU SEU GASPAIÃO. E ai se deu a origem da festa do Gaspí, em homenagem ao saveirista do “som do samba”. Essa historia já foi contada para mim por Tio Deco, meu pai, Tio Bê, Raimundo “Visgo”, e confirmada por Sr. Linôr, ratificando o que “Dada” já me tinha contado.”