Uma das mais antigas e importantes companhias de navegação do Brasil, a Companhia Bahiana de Navegação foi fundada em 1836, por um certo João Diogo Sturtz, representante de capitalistas ingleses, para estabelecer um serviço regular de navegação.
Em 1839 a empresa iniciou suas atividades, dirigida pelo inglês Armand Hadfield Wood, fazendo três viagens semanais para Cachoeira, duas para Santo Amaro e uma para Nazaré, passando pela ilha de Itaparica, com quatro vapores; o Bahia, o Catharina Paraguassú, o Todos os Santos e o São Salvador. Em 1842 a empresa incorporou um quinto vapor, o Caramuru, enquanto os vapores Todos os Santos e São Salvador foram retirados de linha.
Navio Paraguassú
Devido à má administração e à falta de subvenção do governo, a Bahiana prestava um serviço deficiente o que levou o governo a rescindir sua concessão e a requerer sua falência, em 1847, substituindo-a por outra empresa, a Bomfim, que logo recebeu uma subvenção do governo e adquiriu o acervo da Bahiana.
Navio Paranaguá
Inicialmente a Bomfim operou com três vapores, o Bahia, o Bonfim e o Catharina Paraguassú , fazendo as linhas apenas do recôncavo. Em 1852 a companhia adquiriu um quarto vapor, o D. Pedro II, iniciando o serviço de navegação costeira para Valença, e incluindo escalas nas cidades de São Francisco do Conde, Jaguaripe e Maragogipe, na rota para Cachoeira.
Navio Canavieiras
Em 1853 o governo da província deu uma concessão para o empresário Antonio Pedrozo de Albuquerque, que havia feito fortuna com o tráfico de escravos, para estabelecer uma nova empresa de navegação costeira, a Santa Cruz, que passou a operar com três navios; o Santa Cruz, o Paraná e o Cotinguiba.
A linha para o sul ia até Caravelas, fazendo escalas em Camamú, Ilhéus, Canavieiras e Porto Seguro, e a do o norte até Maceió, fazendo escala em Estância, São Cristóvão, Aracaju e Penedo.
Em 1855 a epidemia de cólera que atingiu as cidades do recôncavo e uma seca que durou quatro anos, causaram uma diminuição no movimento, deixando a Bonfim em má situação.
Em 1858, Antonio Pedrozo de Albuquerque se uniu a outros dois capitalistas baianos, Francisco Gonçalves Martins e Francisco Justiniano de Castro Rebello, e adquiriu a Companhia Bonfim, fundindo-a com a Santa Cruz e fazendo renascer a Companhia Bahiana de Navegação, que passou a atender também a navegação costeira, entre Maceió e Caravelas, com oito navios; Gonçalves Martins, Valéria Sinimbú, Santa Cruz, Paraná, Cotinguiba, Pedro II, Cachoeira, Progresso e Paraguassú.
Em 1862, capitalistas ingleses que estavam investindo nos serviços de iluminação à gás, telégrafo e bondes em Salvador, adquiriram o controle da companhia, que passou oficialmente a se chamar Bahia Steam Navigation Company, tendo como presidente John Watson.
A nova empresa aumentou para 20 o número de vapores, substituindo alguns de madeira por outros de ferro, incluindo a cidade de Barra do Rio de Contas (Itacaré), nas escalas para o sul e implementando as linhas na orla marítima de Salvador entre a Barra, Água de Meninos, Jequitaia, Roma, Bonfim, Itapagipe, São Tomé de Paripe, Boca do Rio e Restinga.
Também iniciou a navegação no rio São Francisco, entre Penedo e Piranhas, passando por Propriá, Colégio, São Braz, Traipú, Curral das Pedras, Ipanema, Lagoa Funda, Pão de Açúcar e Armazém, e em Alagoas, nas lagoas Norte (Mundaú), atendendo as localidades de Coqueiro Seco e Santa Luzia e na lagoa de Manguaba, atendendo Pilar e Cidade das Alagoas, além das localidades de São Miguel e Barra de São Miguel.
A Bahiana também construiu um pequeno trecho de ferrovia de pouco mais de 7 Km, entre as lagoas de Mundaú, Manguaba e o porto de Maceió.
Toda essa expansão resultou no endividamento da empresa, que veio a sofrer prejuízos com a guerra do Paraguai e com uma longa crise na Europa.
Como resultado a empresa começou a piorar a prestação de serviços, a conservação dos navios e sofreu alguns naufrágios, tendo sua frota reduzida para 14 navios, o que resultou na sua venda para o Visconde Pereira Marinho, rico comerciante, também ex-traficante de escravos e que já operava uma frota de barcos à vela transportando charque do Rio Grande do Sul.
Assim, em 1876 a Companhia Bahiana de Navegação voltou a ser uma empresa brasileira tendo transferinda sua sede de Londres para Salvador.
Isso não impediu que as dificuldades continuassem aumentando e que, em 1894, ela fosse novamente vendida, desta vez para uma nova empresa nacional de navegação costeira, o Lloyd Brazileiro.
Em 1905 ela foi adquirida pelo governo do Estado da Bahia condição em que permaneceu até 1957, quando passou a ser uma empresa de economia mista. Com o golpe militar, a empresa que já era deficitária, teve suas linhas restritas quase que exclusivamente ao recôncavo, tendo que entregar os navios Lúcio Meira, Silvio Motta e Guarujá, ao Lóide Brasileiro e encerrando suas linhas para o exterior, que lhe rendiam divisas em dólar.
Em 1967 é idealizado o sistema ferry-boat, que incluía a construção da Ponte do Funil, ligando a Ilha de Itaparica à Nazaré e a estrada que prosseguia até Valença, ligando Salvador ao sul do estado. Em dezembro de 1972 o primeiro ferry, o Agenor Gordilho começou a operar.