Por volta do ano 1000, tribos tupis procedentes da Amazônia expulsaram os antigos habitantes da região do Recôncavo Baiano, falantes de línguas macro-jês, para o interior do continente. No século 16, quando os primeiros europeus chegaram à região, ela era habitada pela tribo tupi dos tupinambás.
O início da colonização europeia da região data do início do século XVII. Jaguaripe surgiu durante a 3ª Governadoria-Geral do Brasil – a de Mem de Sá – 1558-1572. Para que fosse facilitado o trabalho jesuíta (a conselho do padre Manuel da Nóbrega), instituiu-se a política de juntar várias aldeias de diferentes silvícolas em missões próximas às vilas (era o chamado “descimento”). Este trabalho era dirigido por jesuítas, que asseguravam a educação cristã dos filhos da terra e os integravam à sociedade.
Com isto, surgiu a missão da Ilha de Itaparica, em 1560, sob a inspiração da Santa Cruz, criada pelo padre Pedro Lírio da Grã. Entre 1560 e 1568, apareceu uma grande epidemia de varíola que dizimou grande parte do centro. Então, os jesuítas resolveram transferir a aldeia de Santa Cruz com os índios ainda sadios para Jaguaripe, ou seja, para o local situado a duas léguas da foz do rio (onde hoje se encontra a cidade), até que findasse a peste.
Neste tempo, foi construída uma igrejinha, em torno da qual começaram a aparecer moradores que foram se fixando ali e formando o povoado que, mais tarde, se tornaria freguesia. A doação de sesmarias que obrigava os sesmeiros a cultivar a terra e construir engenhos influiu sobremaneira para o crescimento do povoado. A primeira beneficiária de sesmarias na região foi Ana Álvares, filha mais velha do Caramuru (sesmaria dada por Mem de Sá).
Inúmeras sesmarias foram doadas desde então e o povoado prosperou bastante até que, em 1613, o bispo dom Constantino Barradas denominou-o freguesia Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe, depois de insistentes pedidos do capelão de Santo Amaro de Catu (hoje, Jiribatuba – Itaparica), padre Baltazar Marinho, que se tornou seu primeiro vigário. Por meio de carta régia, em 22 de maio de 1693 a freguesia tornou-se vila – a primeira do recôncavo – mas só foi instalada pelo governador-geral dom João de Lencastre em 15 de dezembro de 1697, sob o nome de Vila Nossa Senhora d’Ajuda de Jaguaripe.
Jaguaripe – Ba 1957
A vila de Jaguaripe passou a ser a sede de uma vasta região, a qual, mais tarde, foi dividida pelas futuras vilas e cidades de Aratuípe, Nazaré, Maragojipe, Lage, São Miguel das Matas e Santo Antônio de Jesus.
Fonte: Wikipedia
Primeiros Intendentes:
1º. Intendente: José Ferreira Dutra
2º. Intendente: Cel. Argemiro (Argentino) de Castro Mascarenhas
3º. Intendente: Felisberto Robelo Sampaio
4º. Intendente: Padre Miguel Arcanjo dos Santos
Um rio, personagem importante na história da escravidão no Brasil.
“É preciso, no entanto, lembrar que a ocupação das margens da baía não se fazia de forma uniforme. As terras de massapê foram sendo desmatadas e ali implantados engenhos, próximos ao litoral, em áreas inundáveis pelo mar ou rios, o que facilitava o escoamento do produto, e grandes plantações de cana-de-açúcar, propriedades de agricultores que entregavam sua produção aos engenhos. Já nas margens do Paraguaçu, desde então e em terras inadequadas por serem arenosas para o plantio de cana, expandia-se o cultivo de fumo, ampliando os deslocamentos sobre as terras indígenas, a escravização de seus habitantes e, consequentemente, os conflitos. As regiões de Jaguaripe e Maragogipe especializaram-se na produção de alimentos, principalmente farinha de mandioca e hortaliças, além de madeiras. Depois foram introduzidos os plantios de arroz, gengibre, pimenta do reino e canela a partir de mudas e sementes trazidas de vários pontos do império lusitano. Schwartz (1988, p. 173) afirma que, no fim do XVII, da vigorosa Mata Atlântica, encontrada em 1501 por Américo Vespucci, restava uma pequena faixa ao sul do Jaguaripe. As demais já haviam sido derrubadas para dar espaço à agricultura e para fornecer madeira para a construção de casas e embarcações ou ainda para alimentar os engenhos. Essa expansão, cujo período áureo ocorreu entre os anos
de 1570-1612, para ser explicada necessita que associemos o sucesso financeiro da economia açucareira com a política metropolitana de distribuir sesmarias a pessoas capitalizadas e a nobres com grande influência na corte, como os condes de Castanheira e o de Linhares, Álvaro da Costa, filho do governador Duarte da Costa, e Mem de Sá.”
“Na primeira metade do século XIX, a área abrangente da Comarca de Nazaré das Farinhas girava em torno de, aproximadamente, 1.841,86 km2. Nazaré havia deixado de ser um distrito da histórica vila de Jaguaripe e assumira, em 1831, a condição de sede jurídica regional, justificada, dentre outras coisas, pela imponente urbe e pelo seu porto que ligava parte do Recôncavo com Salvador e com o mundo. Uma
vila portadora de um cais tão movimentado, de extrema importância econômica regional, também se tornava local apropriado para a circulação e contatos entre negros escravos e libertos, os quais trabalhavam em diferentes ofícios, que iam desde carregadores e embarcadiços a marinheiros e mestres de lancha. Essa quantidade de sujeitos escravizados iria ser incrementada pela chegada de novos conterrâneos
nas últimas décadas de comércio de seres humanos.”
“Notícias esparsas, colhidas com acuidade numa documentação inédita, guardada no Arquivo Municipal de Jaguaripe, dão conta de que a ilha do Medo, uma pequena área insular, situada à frente da ilha de Itaparica, e próxima a Caboto – no continente, era local de acomodação de cativos clandestinos por volta de 1834. Mais tarde, em 1846, o Cônsul britânico afirmou que na verdejante ilha de Itaparica, do outro lado da Baía de Todos os Santos, haviam sido construídos locais de desembarque, de onde os recém-chegados eram levados para os depósitos de escravos da cidade e vendidos sem qualquer interferência. (CONRAD, 1985, p. 135)”
“Naquela ocasião, conforme correspondência encaminhada por uma autoridade da vila de Jaguaripe, mais de cem africanos boçais, procedentes da ilha, haviam sido capturados, quando eram conduzidos, através de comboio, em direção ao interior do Recôncavo. Logo no momento do alarde da notícia do cortejo de africanos caminhando na direção das matas de Jaguaripe, autoridades locais armaram uma milícia e conseguiram interceptar os cativos clandestinos enviando- -os imediatamente para a capital.3 Neste episódio, as autoridades haviam logrado sucesso, mas em outras oportunidades não foi exatamente isso que ocorrera naquela parte do Recôncavo. Maximiliano de Habsburgo ainda noticiava, no ano de 1860, uma prática muito comum usada pelos proprietários locais, após a proibição do tráfico negreiro, para despistar os poderes locais, responsáveis pela repressão do tráfico clandestino.”
“Assim como acontecera em Itaparica, em outras localidades litorâneas da Comarca de Nazaré avolumavam-se queixas, denúncias e acusações de “desova” de africanos clandestinos após a sua proibição, sob a cumplicidade de autoridades locais. A facilidade de navegação pelos grandes rios da região, como o Jaguaripe, o rio da Dona, o Jiquiriçá e o Paraguaçu, este último subindo na direção de Cachoeira
e São Félix, proporcionava aos traficantes e negociantes de cativos uma movimentação estratégica e acesso a locais de difícil patrulhamento. Os traficantes também possuíam redes de intermediários e contatos com indivíduos ligados ao comércio de escravos espalhados pelos povoados da região. Era uma espécie de efeito cascata, até chegar à ponta do negócio, regia uma ampla teia de conluios, tecida e posta em
prática desde a sua origem.”
“Quando as embarcações adentravam naqueles grandes rios, seus asseclas logo apareciam remando canoas e barcos de pequena cabotagem para melhor e mais rapidamente transportar a mercadoria de “seres humanos” até terra firme. Em outras ocasiões, faziam o desembarque nas praias do litoral, nas proximidades da vila de Jaguaripe, nas imediações da barra do rio Jiquiriçá, em locais conhecidos até hoje por Camaçandi e ilha D’Ajuda, ambos pertencentes ao distrito da Estiva. Em 5 de maio de 1843, a Câmara Municipal de Jaguaripe enviou uma correspondência alertando as autoridades provinciais para o fato de que, além do tráfico ilegal:O distrº da Estiva tem em si alguns elementos de desordem, e ali aparecem não só alguns crimes de ferimentos, como de furto de escrºs, o q attribui a ser o mmº. Distrº. q limitta plº lado do Este com o Ociano, lugar mtº próprio pª o desembarque dos escºs. furtados, e sua condução pª o sul, e matas.”
“Nas vilas de Jaguaripe e Maragogipe, por sua vez, fora registrado, já em 1816, um total de 11.521 escravos. No final do século anterior, no entanto, em 1781, Jaguaripe havia acusado uma população escrava em torno de 725 indivíduos, enquanto em 1846, a Freguesia da Aldeia, pertencente a Nazaré, computou 278 cativos. (BARICKMAN, 2003).”
Fonte: BAIA DE TODOS OS SANTOS_ASPECTOS HUMANOS Carlos Caroso, Fátima Tavares, Cláudio Pereira
Patrimônio Histórico:
Edifício do Paço Municipal: Construção de 1697, feita às margens do Rio Jaguaripe, é uma das mais antigas casas de Câmara e Cadeia do Estado. Conhecida como Prisão do Sal, pois os presos ficavam com a água acima do peito durante a maré alta. Tombado pelo Patrimônio Histórico. Localização: Praça da Bandeira.
Casa do Ouvidor: Construção do século XVII, era a antiga residência dos padres jesuítas. Atualmente abriga o fórum.
Localização: Ladeira da Ajuda, 12.
Cabocla Dona América: Estátua de madeira utilizada nos festejos do Dois de Julho. Localização: Rua Martinho Albuquerque.
Casa da Fazenda Funil: Construção do século XIX. Localização: Ilha de São Gonçalo, Distrito de Jacuruna.
Antiga Fazenda São Bernardo: Fazenda com capela e ruínas de um engenho. Localização: Distrito de Camassandi.
Fonte da Bica: Construção do século XVII, em estilo barroco, feita por jesuítas. Localização: Praça da Bandeira.
Parede da Igreja de Nossa Senhora da Lapinha: Ruína da construção do século XVII, em estilo barroco. Localização: Rua Dois de Junho.
Igreja de Nossa Senhora da Madre de Deus: Construção do século XVIII. Localização: Alto da Igreja, Distrito de Pirajuia.
Capela de São Bernardo: Construção do século XVIII. Localização : Fazenda São Bernardo, Distrito de Camassandi.
Capela de São Gonçalo: Construção do século XIX. Localização: Distrito de Camassandi.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ajuda: Construção do final do século XVI, em estilo rococó com uma torre revestida de azulejos. Abriga diversas imagens seculares. Situa-se num dos pontos mais altos da Cidade, sendo vista do mar. Tombada pelo Patrimônio Histórico. Localização: Alto da Matriz.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário: Construção do século XVIII, em estilo rococó. Localização: Praça Mestre Pio.
Fonte: Brasil Channel
Pela Cronologia
Originou-se da criação da freguesia de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe, pelo bispo D. Constantino Barradas, em 1613.
É um dos mais velhos municípios da Bahia, sendo sua vila instalada por ordem de D. João de Lencastro.
Depois de 2 séculos e 2 anos como vila, foi elevada à categoria de cidade, em 1899. Muito auxiliou a causa da Independência, fornecendo 6 batalhões e uma companhia de artilheiros.
O coronel Salvador Pereira da Costa e o tenente coronel José da Silva Freire se distinguiram pela bravura que demonstraram no ataque ao povoado do Funil, em 29 de junho de 1822.
Quando da anexação do seu território, ao município de Aratuípe, os seus filhos, em protesto, cobriram a cidade de luto.
Os dirigentes de Aratuípe aportaram à cidade com a finalidade de empossarem-se, mas foram surpreendidos por uma “onda” que os impediram de saltar.
Os nativos de Jaguaripe são chamados jaguaripenses.
O topônimo Jaguaripe significa “rio da onça”.
Gentílico: jaguaripense
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Vela de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe, em 1625.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Jaguaripe, pela lei ordem régia de 27-12-1693. Sede na antiga povoação de Vela de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe. Instalada em 12-1697.
Em 1717, é criado o distrito com a denominação de Pirajuía e anexado a vila Vela de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe.
Pelo decreto de 19-07-1832, é criado o distrito de Estiva e anexado a vila de Vela de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe.
Elevado à condição de com a denominação de Jaguaripe, pela lei estadual nº 296, de 12-05-1899.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município aparece constituído de 5 distritos: Jaguaripe, Barreiras de Jacuruna, Estiva, Pirajuía e Prazeres.
Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920. Pela lei municipal nº 120, de 1920, aprovada pela lei estadual nº 1484, de 20-06-1921, o distrito de Prazeres tomou a denominação de Capela da Palma.
Pelo decreto estadual nº 7479, de 08-07-1931, o município foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Aratuípe.
Elevado novamente à categoria de município com a denominação de Jaguaripe, pelo decreto nº 7582, de 05-08-1931, desmembrado de Aratuípe. Sede no antigo distrito de Jaguaripe.
Constituído de 5 distritos: Jaguaripe, Barreira de Jacuruna (ex-Barreiras de Jacuruna), Capela da Palma (ex-Prazeres), Estiva e Pirajuía.
Pela lei estadual nº 1617, de 15-06-1933, o distrito de Estiva tomou a denominação de Novo Horizonte.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 5 distritos: Jaguaripe, Barreira de Jacuruna (ex-Barreiras de Jacuruna), Capela da Palma, Novo Horizonte (ex-Estiva) e Pirajuía.
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, o município aparece constituído de 6 distritos: Jaguaripe, Barreira de Jacuruna, Capela da Palma, Mutá, Novo Horizonte e Pirajuía.
Pelo decreto estadual nº 11089, de 30-11-1938, o distrito de Barreira de Jacuruna tomou o nome simplesmente de Jacuruna, Capela da Palma para simplesmente Palma e o distrito de Mutá, foi extinto, sendo seu território anexado ao distrito de Pirajuía, do mesmo município de Jaguaripe.
No quaro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 5 distritos: Jaguaripe, Jacuruna (ex-Barreira de Jacuruna), Novo Horizonte, Palma (ex-Capela da Palma) e Pirajuía.
Pelo decreto-lei estadual nº 141, de 31-12-1943, retificado pelo decreto estadual nº 12978, 01-06-1944, o distrito de Novo Horizonte tomou a denominação de Camassandi o distrito de Palma a chamar-se Cunhangi.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 5 distritos: Jaguaripe, Camassandi (ex-Novo Horizonte), Cunhangi (ex-Palma), Jacuruna e Pirajuía. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Alteração toponímica municipal
Vela de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe para simplesmente Jaguaripe, alterado pela lei estadual nº 296, de 12-05-1899.
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