Pirajuía

pirajuia_cleberalmeidaFoto: Cleber Almeida

Pirajuía é um lugarejo pacato, sua população tem acedência quilombola e escravos, “Já foi porto dos mais movimentados de saveiros comerciantes nos séculos XIX e XX” (Relembra Sr. Carosílio, Conterrâneo Caó, Ex-Navegador comerciante).

Tem como principal religião, e cultura, o sicretismo entre a igreja católica e o Candomblé. Atualmente, vem-se retalhando entre diversos seguimentos Luteranos, “O qual extingue culturas e costumes” (ressalta Sr. Atônio, Conterrâneo Tonho)

A Igreja de Nossa Senhora de Madre de Deus está no coração de Pirajuía. Lá acontece romarias, missas e eventos da comunidade.

Igreja de Nossa Senhora de Madre de Deus

A igreja de N. Sra. De Madre de Deus está situada sobre uma colina, no centro de uma pequena povoação, sede do Distrito de Pirajuia. O monumento está à pequena distancia da praia e dele se avista a margem ocidental da Ilha de Itaparica, bem como, o canal que separa a mesma do continente. Em frente ao edifício existe um pequeno cruzeiro. O acesso ao monumento se faz  através de um desvio da estrada BA-001, Bom Despacho / Nazaré, que se dirige à Salinas da Margarida, ou, por mar, partindo-se de Itaparica.


Foto: David Fadul

A igreja de relevante interesse arquitetônico, não obstante estar muito delapidada. Sua planta é constituída por: nave, capela-mor e lateral, corredor e sacristia, recobertos por telhados de duas e meias-águas. O corredor lateral, com janelas conversadeiras, atualmente entaipadas, era superposto por uma galeira, cujo assoalho ruiu. A fachada do corpo principal é do tipo templo, com porta central, ladeada por duas janelas baixas com esquadrias almofadadas e três janelas de coro, em veneziana. Todos os vãos possuem vergas em arco abatido. O corpo lateral, mais baixo, possui uma porta, superposta por um vão sineiro e terminação que procura imitar uma torre piriforme. Seu interior apresenta forro plano em madeira. O piso destes ambientes é o original, em xadrez de mármore. O altar-mor é neo clássico, recoberto por baldaquino, e as laterais são de alvenaria. A igreja possui boas imagens: N. Sra. De Madre de Deus, N.Sra. do Rosario, Sr. Morto, S. Joaquim, entre outras. Do rico acervo de alfaias que se conservava até 1945 quase nada resta.

Nossa Senhora de Madre de Deus, padroeira da igreja e de Pirajuia, tem sua festa, em 8 de setembro.

Samba de Roda

O samba de roda é bastante conhecido no Recôncavo, uma manifestação cultural que encanta a todos que visitam Pirajuía. É considerado como Patrimônio da Humanidade. O Grupo Sambadores de Mutá e Pirajuía é um dos mais importantes e contribuem para disseminar a cultura na região e em todo o Brasil.

Por Juliana Rezende

“Com seus instrumentos de percussão – atabaques, pandeiros, pratos, facas e campanhas – Os Sambadores de Mutá fazem festa há 13 anos no distrito de Mutá, em Jaguaripe – sua terra natal –, e em todo o território estadual.

Segundo D. Miraildes Xavier, coordenadora do grupo desde o seu surgimento e mais conhecida por Mirinha do Samba, o grupo se formou a partir dos mutirões para a construção de algumas casas da comunidade. Ao final de cada construção, o pessoal se juntava para a celebração e, assim, surgiu o grupo que hoje conta com cerca de 20 membros entre sambadoras e percussão.

D. Mirinha se mostra preocupada com as novas gerações na conservação do samba de Bodhoi – como chama o samba duro da região. “As meninas só querem dançar o pagode da moda. Quando estão com a gente, sambam, mas quando chegam perto das coleguinhas, ficam com vergonha”, diz. Ela ainda conta  que não tem intenção nenhuma de se aposentar: “Mesmo com altos e baixos, eu não deixo o samba porque está no sangue, é uma coisa minha”

Geralmente Os Sambadores de Mutá se apresentam para a comunidade local, mas através do grupo de música BarLavento, coordenado por Davizinho de Mutá, o grupo tem saído de sua cidade para eventos maiores como o “Encontro das Culturas Identitárias”, que aconteceu de 22 a 29 de outubro deste ano.

Os Sambadores ainda participaram da gravação do segundo CD do grupo, que também canta o samba de roda de raiz, predominante no Recôncavo baiano. O grupo formados por marisqueiras e pescadores usa roupas confeccionadas pelos próprios integrantes e abre o show sempre com a mesma música: “Santo Antônio padroeiro”.”

Dona Fia

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Crispina Maria de Jesus, sambadeira desde criança é mais conhecida como Dona Fia na região de Pirajuia, um pequeno povoado pertencente ao município de Jaguaripe, situado depois da Ilha de Itaparica a caminho de Salinas de Margaridas.
Oriunda de uma família negra pobre, como os demais sambadores desta geração, ela viveu a vida toda entre a maré e o mato, e sabe sobreviver
com as dádivas que a natureza fornece, extraindo do mato as folhas, os frutos, as raízes e do mar os peixes e principalmente os inúmeros mariscos que formam a renda das marisqueiras dos povoados de Cações, Mutá, Pirajuia e Encarnação.
Dona Fia, que por sua vez tem 7 filhos (seis filhas e um filho) festeja até hoje seu aniversário em janeiro com um grande caruru e um samba de roda com muitos tambores durante toda noite, devido a uma promessa dada pela mãe para agradecer a sobrevivência desta filha. A mãe de Dona Fia teve três barrigas de mabassa como são chamados os gêmeos pelos herdeiros africanos, sendo que somente com a última barriga do qual nasceram Dona Fia e um irmão, ela podia ver as crianças crescerem saudáveis, enquanto os outros morriam todos. Desse dia em diante foi feito um grande caruru para os gêmeos no dia de Cosmo e Damião. Mas ainda assim, a vontade dos Santos Gêmeos parece que não foi feita e no dia dos preparativos da festa para o caruru, o irmão de Dona Fia foi encontrado afogado no mar com 14 anos de idade.
A tradição teve que ser mudada para que o Caruru seja celebrado no dia do aniversario de Dona Fia, 21 de janeiro. Até hoje ela preserva este ritual
com alegria, elegância e muito samba, que nesta região é predominantemente o samba corrido sem a viola e um samba mais lento, chamado de barravento.

Fotos: Cleber Almeida e Panoramio