Jaguaripe-Sede

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A sede do município de Jaguaripe é linda tanto pela beleza de sua paisagem quanto pelo valor histórico, com seus casarios e construções do sículo XVII, a exemplo da igreja de Nossa Senhora da Ajuda. A fachada da matriz foi finalizada somente em 1900, quando a igreja foi reformada. A construção do tipo rococó e torre revestida de azulejos conduzem o observador numa viagem ao tempo em que os jesuítas habitavam a região. A casa do ouvidor, hoje o Fórum da cidade, diz a tradição oral, era a residência dos padres que catequizaram os nativos brasileiros.

Às margens do rio Jaguaripe, o edifício do Paço Municipal, um monumento à vila onde tudo começou. Este antigo núcleo era ligado por túneis subterrâneos, onde a população se escondia dos ataques indígenas. A Casa de Câmara e Cadeia passou para a história pela morbidez da “Prisão do Sal”. Situada no nível do rio, era freqüentemente inundada pela maré cheia e os presos tinham de boiar para sobreviver; muitos não conseguiam. A Casa do Ouvidor, do século XVII, a Matriz de Nossa Senhora da Ajuda, do início do século XVIII, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, do final do século XVIII, estão entre os monumentos mais expressivos da área urbana, que também se caracterizou pela localização do poder: a sede do poder religioso está no alto e do civil, embaixo, junto ao porto. Ela guarda a memória das prisões e torturas realizadas no seu sub-solo. Hoje, a Prefeitura se ocupa do lugar, com as portas abertas a quem queira comprovar a existência da estrutura subterrânea. Estas construções têm sua importância reconhecida, com tombamento pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Igreja Nossa Senhora do Rosário

Datada do final do século XVIII, a Igreja tem uma arquitetura com planta em “T”, constituída por nave, capela mor e duas sacristias. Logo à entrada, uma portada em arco pleno, com frontão rococó em argamassa e ladeado por duas portas, também em arcos plenos, dão o tom da grandiosidade da construção. O frontispício é todo emoldurado por cunhais e cornija, sobre a qual assenta um frontão em volutas, ladeado por dois pináculos. As fachadas laterais são preenchidas por portas tribunas entaipadas. Os sinos, pendendo de dois pequenos vãos na sacristia direita, são uma curiosidade à parte nesta bela Igreja desprovida de torre; o que não diminui a sua beleza arquitetônica

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ajuda

A igreja foi construída pelos jesuítas em um terreno doado no final do século XVI. No início do século seguinte, foi reconstruída por moradores locais. A Matriz da Ajuda apresenta planta típica das igrejas desse período, não possuindo, contudo, a sacristia transversal, que está justaposta à capela-mor, sobreposta pelo consistório. Sua fachada foi construída no início do ano 1900, quando acabaram as obras de reconstrução da igreja, em estilo rococó.

Paço Municipal e Cadeia do Sal

Umas das mais antigas Casas de Câmara e Cadeia do Estado da Bahia, construída segundo planta retangular sem pátio interno nem torre sineira. Na verdade, sua volumetria e planta não diferem muito da arquitetura residencial do século XVII. Apresenta, porém, em forma embrionária, e por influência da Casa de Câmara de Salvador, um elemento que viria a se difundir, no século XVIII, em edificios semelhantes do Recôncavo: Este prédio certamente serviu de modelo às sedes municipais de São Francisco do Conde, Porto Seguro e de alguns municípios do Sertão, como: Rio de Contas, Caetité e Condeúba, estas últimas do século passado. Há indícios construtivos de que o edifício sofreu algumas grandes reformas, no século XVIII, o que se evidencia nas vergas abauladas dos dois últimos pavimentos. O tratamento mais requintado dos vâos do pavimento térreo em oposição ao sobrado, ou pavimento nobre, sugere que aquele andar é posterior. O prof. Anísio Melhor sustentava que o edificio era, primitivamente, mas largo, tendo sido demolida uma parte, por razões ignoradas.

1697 instalou a vila de Jaguaripe e inaugurou o edifício do Paço Municipal. Dizem historiadores que a matriarca D. Úrsula Maria da Virgens (Bittencourt depois Souza) teve grande influência na fundação desta vila. Ela se casara com o abastado francês D. Félix Bittencourt – Conselheiro da Casa Real e da Ordem de N. S. Jesus Cristo, que adquiriu terras ribeirinhas ao rio Jaguaripe. Ele foi assassinado na estrada próxima à sua fazenda e ao povoado de Inajá. Como forma de punir os delinquentes que assassinaram seu marido, D. Úrsula fez chegar ao conhecimento do rei de Portugal que, reconhecendo o abandono em que se achavam as povoações do Recôncavo, mandou que se criasse a Vila de Jaguaripe. D. Úrsula manteve a sua influência até na justiça jaguaripense. Ela ajudou tenazmente a construção da cadeia pública da vila, em 1697, a famosa Cadeia do Sal, edificação para maior segurança possível da época. Paredes bem reforçadas e um calabouço “sui generis”, onde o prisioneiro especial era colocado num fosso estreito, que só encaixava o seu corpo, de pé, com os braços e pernas imobilizados, cabeça coberta por cima, recebendo por intermédio de um túnel que ligava o fundo do alçapão à água do mar. Durante as marés altas, o alçapão era inundado e a água levava sal, sujeiras, crustáceos e outros bichos que feriam o prisioneiro e o matavam aos poucos. Ás vezes, também, ele era morto por afogamento, ou maus tratos.

A fama desta prisão foi tão disseminada, que os delinquentes se apavoravam quando ouviam falar no que se constituiu um provérbio famosíssimo “ Justiça de Jaguaripe que te persiga”.

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Casa do Ouvidor

A chamada Cada do Ouvidor está localizada no sopé da ladeira D’Ajuda, que conduz à Matriz, num dos cantos da Praça da Bandeira. Trata-se de um sobrado de esquina, sem recuo e com pequeno quintal no fundo. Do pavimento superior do monumento de avista grande parte do casario da cidade, banhada pelas águas do Rio Jaguaripe. Não existem edifícios contíguos ao monumento. A construção mais próxima está poucos metros abaixo e é uma casa térrea, de construção relativamente recente. O edifício integra o Centro Histórico da cidade.

É um sobrado de relevante interesse arquitetônico desenvolvido em dois pavimentos mais sotão situado no desvão do telhado. Planta aproximadamente quadrada, recoberta por telhado de águas com terminação beira-serveira. Apêndice posterior de serviço. Fachada flanqueadas por robustos cunhais em argamassa. A forntaria é vazada, ao nível do térreo, por quatro portas e duas janelas e ao nível do 1° andar, por quatro janelas. A fachada lateral direita, voltada para o rio, possui uma porta ladeada por duas janelas, no térreo, e cinco janelas no 1° andar. Todos os vãos possuem vergas retas e cercaduras em argamassa. As janelas do pavimento nobre são do tipo francês. Uma ampla escada com patamar conduz o visitante diretamente ao sobrado. Interior sóbrio, assoalhado, com exceção do térreo e cozinha que são atijolados. Apenas o vestíbulo e dois quartos conservam forros planos, mas há vestígios de que um salão e dois quartos possuíram forro em gamela. Merece destaque a carpintaria almofadada das folhas internas das janelas e portas do pavimento nobre, bem como dos armários embutidos que apresentam pinturas decorativas no interior. Na cozinha ainda se conserva o forno de lenha em meia laranja. Nada resta do mobiliário primitivo.

Uma das mais representativas casas nobres baianas do século XVII, embora sua fachada principal tenha sido alterada e seu interior perdido dos forros agamelados. Sua planta é do tipo comum no período colonial: salões sobre a rua e uma grande varanda para onde se abre o jantar, sobre a rua e uma grande varanda par onde se abre o jantar, sobre o quintal. O espaço intermediário é ocupado por quartos e alcovas. Ainda não apresenta o corredor central frequente em casas do século XVIII XIX. A cozinha já se encontra no nível do sobrado, mas construída sobre um terrapleno, como na casa grande do Engenho da Penha, em Vera Cruz. A fachada principal aparentemente foi acrescida de uma porta e duas janelas ao nível do térreo. Seus vãos teriam sidos dispostos, primitivamente, em xadrez como na casa-grande do Eng. Cinco Rios e na casa n° 18 da Rua Espirito Santo, em S. Francisco do Conde, ambas desaparecidas. A mesma disposição pode ser observada na casa à Rua do Areião 22, em Livramento de N. Senhora. Janelas do tipo francês forma utilizadas também na Quinta do Tanque, em Salvador, construção também jesuítica originária do século XVII.

Igreja Nossa Senhora do Rosário

A igreja Nossa Senhora do Rosário está situada no centro da Praça Mestre Pio, sobre uma pequena colina existente na área urbana. Sua fachada principal está voltada para o Rio Jaguaripe, e das suas janelas de coro se domina parte do casario da cidade e estu´rio do rio. Contorna a praça um conjunto de casas térreas muito modestas. A mão esquerda do monumento, e ligeiramente avançado, existe um coreto em forma de galeria,  (barco) onde se realizam festas religiosas. Uma ladeira situada no eixo do edifício serve de acesso ao mesmo. A igreja integra o Centro Histórico da Cidade.

A arquitetura menor de valor principalmente ambiental. Possui planta em “T”, constituída por nave, capela-mor e duas sacristias. Nas fachadas laterais vêm-se portas e tribunas entaipadas, que se abririam para corredores laterais e galerias, e não chegaram a ser executadas. O edifício é recoberto por dois telhados de duas águas. Seu frontispício, muito esbelto, é emoldurado por cunhais e corninja sobre a qual assenta fontão em volutas, ladeado por dois pináculos. Serve de entrada ao edifício uma portada em arco pleno, com frontão rococó em argamassa, ladeada de duas portas, também em arcos plenos. Estes vãos são superpostos por três janelas de coro com vergas abauladas e caixilharia em guilhotina. O edifício não chegou a possuir torre e seus sinos pendem de dois pequenos vãos na sacristia direita. Seu interior foi despojado de altares, coro e outros elemento, mas conserva forro de madeira em forma de gamela na nave e de abóbada de berço na capela-mor. Dentre as imagens, merecem referências as de N. Sra. Do Rosário, São Benedito, Cristo Crucificado e de Nossa Sra. dos Navegantes. Do mobiliário primitivo resta, apenas, um confessionário em madeira.

Esta igreja da irmandade, provavelmente do final do século XVIII, apresenta uma planta em “T”, que é a primeira etapa de um plano mais ambicioso: um templo com corredores laterais, superpostos por galerias de tribunas. Os vãos entaipados das fachadas laterais não deixam qualquer dúvida a respeito. Também as sacristias, com seus pés direitos exagerados, deveriam ser superpostas por consistórios. A fachada do edifício inacabado é tipicamente rococó.

No século XVIII, não se conhece com precisão a data de construção deste edifício, cujas caractere=ísticas tipológicas são do final desse século. Sabe-se que foi sede da Irmandade de Nossa Sra. do Rosário, já extinta. Seus livros teriam sido enviados para o Bispado de Amargosa, mas não foi possivel consultá-los.

As notícias de Intervenções no edifício são do ano de 1969, nesse ano, por iniciativa da população local, foram executadas as seguintes obras: reparos nos telhados e forros, eliminação do coro arruinado, entaipamento de oito janelas altas da nave, retirada de púlpitos e altares, reparos gerais e pintura da igreja.

 Fonte: Eli Carla Santos

reportagem_atarde__26_06_07   Reportagem Jornal A Tarde jun/07


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